A Geórgia vive um momento de intensa agitação política após a posse de Mikheil Kavelashvili como presidente, em meio a protestos massivos contra seu governo considerado pró-Rússia. A cerimônia de posse, realizada em 29 de dezembro, foi marcada por uma declaração da ex-presidente Salomé Zurabishvili, que se autoproclamou a “única presidente legítima” do país.
Principais Pontos
- Kavelashvili, ex-jogador de futebol, foi empossado em uma cerimônia fechada, sem a presença de embaixadores estrangeiros.
- Protestos em massa ocorreram em Tbilisi, com milhares de cidadãos exigindo a anulação das eleições de outubro, que consideram fraudulentas.
- A ex-presidente Zurabishvili se posicionou ao lado dos manifestantes, clamando por novas eleições.
A posse de Kavelashvili, que é visto como um aliado do partido governante Georgian Dream, intensifica uma crise política que se arrasta desde as eleições parlamentares de outubro. Os protestos começaram após a decisão do governo de adiar as negociações para a adesão da Geórgia à União Europeia, o que gerou descontentamento entre os cidadãos que desejam uma aproximação com o Ocidente.
Durante seu discurso de posse, Kavelashvili enfatizou a importância da paz e da identidade nacional, mas suas declarações foram recebidas com ceticismo por muitos, que o acusam de promover uma agenda de direita e de deslegitimar a diversidade no país.
Oposição e Protestos
Os protestos em Tbilisi foram organizados por grupos que se opõem ao governo de Kavelashvili, que é acusado de desviar a Geórgia da sua trajetória pro-europeia. A ex-presidente Zurabishvili, que deixou o palácio presidencial, declarou que continuará a lutar pela legitimidade de seu mandato e pela realização de novas eleições.
Os manifestantes exigem a anulação das eleições de outubro, que alegam ter sido manipuladas pelo Georgian Dream. A situação se agravou com a resposta violenta da polícia, que utilizou gás lacrimogêneo e canhões de água para dispersar os protestos, resultando em mais de 400 prisões e denúncias de brutalidade policial.
Reações Internacionais
A crescente repressão e a crise política na Geórgia atraíram a atenção internacional. Os Estados Unidos impuseram sanções ao fundador do Georgian Dream, Bidzina Ivanishvili, acusando-o de minar a democracia do país em benefício da Rússia. A situação continua a ser monitorada de perto por países ocidentais, que expressaram preocupação com a deterioração dos direitos humanos e da liberdade de expressão na Geórgia.
A posse de Kavelashvili como presidente da Geórgia marca um ponto crítico na política do país, com a população dividida entre o desejo de uma maior integração com a Europa e a crescente influência da Rússia. O futuro político da Geórgia permanece incerto, à medida que os protestos continuam e a oposição busca formas de contestar a legitimidade do novo governo.