O agronegócio brasileiro deve ser o principal motor do crescimento econômico em 2025, após um ano de queda. Segundo o presidente da Associação Brasileira do Agronegócio (Abag), Caio Carvalho, o setor se recuperará de forma expressiva, impulsionado por uma safra maior, cenário externo favorável e reversão de ciclos produtivos.
“Sem dúvida alguma, o agro será a grande resposta econômica de 2025. O Produto Interno Bruto (PIB) do setor crescerá de forma considerável”, afirmou Carvalho ao Broadcast Agro, sistema de notícias do Grupo Estado.
Em 2024, o PIB agropecuário recuou 3,2%, sendo a única atividade econômica a apresentar retração no período, conforme dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Em contraste, a economia como um todo cresceu 3,4%, impulsionada pelos setores de serviços e indústria.
A principal razão para o mau desempenho do agronegócio foi a desvalorização das commodities e os impactos das condições climáticas adversas, que afetaram a produção e pressionaram os resultados financeiros do setor.
Para 2025, a previsão do IBGE para a safra indica um novo recorde na produção de soja, além da reversão do ciclo de expansão de bovinos observado entre 2022 e 2024. Economistas estimam que a agropecuária responderá por cerca de 13% do crescimento do PIB nacional no próximo ano, reforçando sua importância na economia brasileira.


Impacto limitado da isenção de tarifas
Em meio a essas projeções, o governo federal anunciou medidas para conter a inflação dos alimentos, incluindo a isenção temporária de tarifas de importação para produtos como carne, café, açúcar e milho.
No entanto, Caio Carvalho avalia que essa ação trará pouco impacto para os produtores, pois envolve itens nos quais o Brasil é um grande exportador e altamente competitivo no mercado internacional.
“O governo precisava dar uma resposta rápida, mas essa medida afeta produtos em que o Brasil já tem forte presença global. Portanto, não deverá influenciar significativamente a maior parte dos produtores brasileiros”, explicou Carvalho.
Além da isenção tarifária, o governo também anunciou iniciativas para fortalecer os estoques reguladores e incentivar a produção de alimentos da cesta básica, visando mitigar os efeitos da inflação sobre o consumidor final.
Panorama econômico: setor de serviços e indústria com o agronegócio
Embora o agronegócio deva liderar a recuperação econômica em 2025, o setor de serviços continuará sendo o principal pilar da economia brasileira, mas com uma participação menor em relação a 2024.

Em 2024, esse segmento foi responsável por 64% do crescimento do PIB, impulsionado por atividades como comércio, bancos, transportes e serviços diversos. Para 2025, a previsão é que essa contribuição caia para 56%, refletindo uma tendência de desaceleração.
A indústria, outro setor fundamental para a economia, também deve apresentar um leve recuo na sua participação no crescimento do PIB, passando de 22% em 2024 para 20% em 2025. Essas projeções são baseadas nas estimativas do Banco Central, divulgadas no Boletim Focus, e ponderadas de acordo com o peso de cada setor na economia.
O cenário para 2025 indica uma economia mais equilibrada, com o agronegócio recuperando protagonismo, enquanto serviços e indústria ajustam suas dinâmicas de crescimento. As condições climáticas, a política econômica e a demanda global serão fatores determinantes para o desempenho da economia brasileira nos próximos meses.
Imagem destaque: RPA News