O Banco Central anunciou que divulgará uma carta aberta em janeiro, após a confirmação de que a meta de inflação de 2024 foi ultrapassada. A instituição também prevê a possibilidade de uma nova comunicação em julho, com base nas projeções atuais para o comportamento dos preços ao consumidor.
Após elevar os juros para 12,25% neste mês, o BC já indicava que a inflação de 2024 deve fechar em 4,9%, acima do objetivo oficial de 3%, que permite uma margem de 1,5 ponto percentual para mais ou para menos.
No Relatório Trimestral de Inflação divulgado recentemente, o Banco Central afirmou que a probabilidade de a meta ser ultrapassada em 2024 chegou a 100%. Os fatores apontados incluem a desvalorização da moeda, o crescimento acelerado da economia, condições climáticas e questões relacionadas ao ciclo do boi, além de expectativas desajustadas e a persistência inflacionária herdada de 2023.
A carta será entregue ao ministro da Fazenda, Fernando Haddad, detalhando as razões para o descumprimento da meta. O documento será produzido após o IBGE divulgar a inflação oficial de 2024, o que está previsto para 10 de janeiro.
Novas Projeções do Banco Central
A partir de 2025, o Brasil adotará um novo modelo para monitorar a inflação, com avaliações contínuas em vez do enfoque anual. As novas diretrizes exigem a elaboração de uma carta e de uma nota no Relatório de Política Monetária caso a inflação acumulada em 12 meses permaneça fora da faixa de tolerância por seis meses seguidos.
De acordo com o Banco Central, as estimativas atuais apontam que a inflação anual em junho de 2025 será de 5,0%. Com isso, Gabriel Galípolo pode ser chamado a escrever outra carta já em julho, desta vez sob as novas regras.
As projeções de mercado também indicam que a inflação deverá ultrapassar o limite superior da meta no próximo ano, com uma taxa de 4,91% em 2024, segundo o boletim Focus.
Caso a carta de julho seja necessária, ela incluirá não apenas as razões do desvio, mas também ações planejadas para trazer a inflação de volta aos limites estabelecidos e o prazo para que os efeitos dessas medidas sejam percebidos.
Se a inflação não retornar à faixa de tolerância no período estimado ou se houver necessidade de ajustes, o Banco Central emitirá outra comunicação.
Desde que o regime de metas foi implementado no Brasil há 25 anos, os objetivos não foram alcançados em sete ocasiões: 2022, 2021, 2017, 2015, 2003, 2002 e 2001.
Foto Destaque/Reprodução: Gabriel Galípolo/Roque de Sá/Agência Senado