Nesta quinta-feira, o dólar abriu cotado a R$5,70, bem abaixo dos R$6,03 registrados em 20 de janeiro, dia da posse de Trump. A queda supera 5% em um período sem grandes alterações no cenário interno que justificassem essa variação.
O primeiro mês do segundo mandato de Donald Trump na Casa Branca, completado nesta quinta-feira (20), impulsionou moedas que haviam desvalorizado frente ao dólar.
Durante a campanha presidencial, Trump prometeu impor tarifas entre 10% e 20% sobre todas as importações para os Estados Unidos, com taxas ainda mais altas para China, México e Canadá. Mas posteriormente recuou em relação aos países vizinhos.
Outro fator que influenciou o mercado foi a possibilidade de um novo acordo comercial entre Estados Unidos e China. Na quarta-feira, Trump mencionou que há chance de um entendimento e sugeriu que o presidente chinês, Xi Jinping, pode visitar os EUA, embora não tenha fornecido mais detalhes sobre a agenda.
Uma conversa entre os dois presidentes é vista como interessante para o mercado, uma vez que pode potencializar uma flexibilização ou atraso nas tarifas comerciais.

Além disso, indicou a possibilidade de tributação em setores específicos, como aço, alumínio, automóveis e produtos farmacêuticos.

Reflexos no Brasil com as mudanças de Trump
No Brasil, apesar de algumas preocupações e incertezas políticas, houve uma melhora na confiança do mercado em comparação ao período que marcou a eleição do republicano. O próprio Banco Central (BC) destacou essa mudança na percepção dos investidores.
O presidente do Banco Central, Gabriel Galípolo, afirmou que ainda não se tem muitas informações sobre os impactos do novo governo dos EUA, mas reconheceu que os primeiros dias trouxeram uma folga ao mercado, o que reflete na valorização do real e de outras moedas em relação ao dólar.
Galípolo destacou que a expectativa inicial era de que as políticas comerciais de Trump levariam ao aumento dos preços nos Estados Unidos, forçando o Federal Reserve (banco central americano) a elevar os juros, fortalecendo o dólar e enfraquecendo outras moedas. No entanto, sem a adoção imediata dessas medidas, esse movimento perdeu força.
Essas declarações indicam que as recentes ameaças tarifárias podem ser utilizadas como estratégia de negociação em vez de um plano definitivo.

Sob pressão, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) anunciou que pretende dialogar com empresários para reduzir o preço dos alimentos no país. Ao mesmo tempo, o caso envolvendo a delação de Mauro Cid, ex-ajudante do ex-presidente Jair Bolsonaro, ganhou destaque no noticiário.
Imagem destaque: O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump. Reprodução/Getty Images