O governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva enfrenta crescente crítica em relação à sua direção econômica, especialmente após a polêmica Medida Provisória 1227, que restringiu o uso de créditos tributários do PIS e da Cofins. A medida, que foi rapidamente revogada, gerou incertezas e descontentamento entre empresários e economistas, levantando questões sobre a eficácia da gestão fiscal do governo.
Principais Pontos
- A Medida Provisória 1227 foi vista como um erro grave, aumentando a incerteza econômica.
- A aprovação do governo Lula caiu, com 52% de aprovação e 47% de reprovação.
- A proposta de isenção do Imposto de Renda é uma tentativa de melhorar a percepção econômica.
Medida Provisória 1227: Um Erro Crasso
A Medida Provisória 1227, publicada em 4 de junho, restringiu o uso de créditos tributários do PIS e da Cofins, causando alvoroço entre empresários. A medida foi rapidamente apelidada de "MP do Fim do Mundo" devido ao seu impacto potencial sobre as finanças das empresas e a economia em geral. A reação foi tão intensa que, apenas uma semana depois, o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco, anulou parte da MP, devolvendo-a ao Executivo.
Os críticos argumentam que a medida não apenas prejudicou as empresas, mas também aumentou a percepção de risco em relação às contas públicas, inflação e taxa de juros. O economista Murilo Viana destacou que a estratégia do governo de aumentar receitas para resolver problemas fiscais chegou ao limite.
A Reação do Setor Produtivo
A resposta do setor produtivo foi rápida e contundente. Líderes empresariais expressaram sua indignação, afirmando que a medida poderia resultar em perdas de bilhões de reais. O presidente da Confederação Nacional da Indústria, Ricardo Alban, afirmou que o prejuízo para o setor seria de 29 bilhões de reais apenas em 2024.
Além disso, a medida gerou uma crise emergencial nas empresas, levando empresários a gastar recursos com honorários de advogados para contestar a MP. A situação evidenciou a falta de articulação do governo com o setor privado, aumentando a incerteza sobre a capacidade do governo de gerir a economia de forma eficaz.
Desafios na Percepção da Economia
Apesar de alguns indicadores econômicos, como o crescimento do PIB e a queda da taxa de desemprego, a percepção da população sobre a economia continua negativa. Uma pesquisa recente revelou que 78% dos entrevistados acreditam que os preços dos alimentos aumentaram, e 65% notaram elevações nas contas de água e luz.
O governo Lula tenta reverter essa percepção negativa com a proposta de isenção do Imposto de Renda para quem ganha até R$ 5 mil mensais. Essa medida, embora aprovada por 75% dos entrevistados, ainda não é suficiente para mudar a avaliação geral do governo, que enfrenta um cenário de polarização política e falhas na comunicação.
O Caminho a Seguir
Para que o governo Lula recupere a confiança do setor produtivo e da população, é essencial que adote uma nova estratégia econômica. Isso inclui a necessidade de enxugar os custos da máquina pública e melhorar a comunicação sobre as ações do governo. A capacidade de articulação do empresariado, demonstrada na reação à MP, pode ser um indicativo de que o setor privado está mais atento e disposto a se mobilizar em defesa de seus interesses.
Se o governo não conseguir alinhar suas políticas econômicas com as necessidades do setor produtivo, corre o risco de enfrentar uma crescente insatisfação e desafios ainda maiores em sua gestão.