No mercado financeiro, diferentes estratégias são utilizadas para maximizar retornos e mitigar riscos. A escolha da estratégia certa pode determinar o desempenho de um investidor em diversos cenários econômicos.
Entre as abordagens mais conhecidas estão Long Only, Long Short e Long Biased, cada uma com características específicas que influenciam diretamente a alocação de ativos e a exposição ao mercado.
A gestão ativa, que envolve a tomada de decisões estratégicas na compra e venda de ativos, é essencial para capturar oportunidades e se proteger contra quedas abruptas no mercado. Dependendo do perfil do investidor e das condições macroeconômicas, uma dessas estratégias pode ser mais adequada do que outra.
Mas como funcionam essas estratégias na prática? Qual delas se encaixa melhor no seu perfil de investimento?
Índice de conteúdos:
O que são estratégias Long Only, Long Short e Long Biased?
As estratégias Long Only, Long Short e Long Biased são abordagens amplamente utilizadas na gestão de fundos de investimento em renda variável. Cada uma dessas estratégias apresenta características distintas, que influenciam diretamente o risco, a rentabilidade esperada e a forma como o gestor estrutura a carteira do fundo.
- Long Only: O investidor ou fundo adota apenas posições compradas (long), ou seja, investe em ativos esperando sua valorização ao longo do tempo. Essa é a estratégia mais comum em fundos de ações e portfólios de longo prazo.
- Long Short: O gestor combina posições compradas (long) e vendidas (short), buscando oportunidades de ganhos tanto na valorização quanto na desvalorização de ativos. Essa abordagem visa capturar assimetrias de preços e proteger a carteira contra quedas no mercado.
- Long Biased: Trata-se de um modelo intermediário, onde o fundo mantém predominantemente posições compradas, mas pode reduzir ou aumentar sua exposição de acordo com a percepção do gestor sobre o mercado. Essa estratégia permite maior flexibilidade na gestão do risco.
Comparação geral entre as estratégias e seus níveis de risco
Estratégia | Exposição ao Mercado | Posições Adotadas | Risco | Cenário Ideal |
Long Only | 100% exposto ao mercado | Apenas compradas | Alto | Mercado em alta |
Long Short | Exposição controlada | Compradas e vendidas | Médio | Mercados voláteis ou laterais |
Long Biased | Parcialmente exposto | Maioria comprada, mas pode operar vendida | Médio-Alto | Mercados incertos ou em transição |
Cada uma dessas estratégias pode ser utilizada dentro de fundos de investimento, carteiras individuais ou estratégias institucionais, dependendo do perfil de risco do investidor e das condições do mercado.
Estratégia Long Only
A estratégia Long Only é a mais tradicional no mercado de ações. Nesse modelo, o investidor ou fundo apenas compra ativos, apostando em sua valorização ao longo do tempo. O objetivo é identificar empresas ou setores com forte potencial de crescimento e manter esses investimentos até que atinjam um patamar desejado de valorização.
Historicamente, essa abordagem tem sido amplamente adotada por fundos de ações, investidores institucionais e gestores de portfólios de longo prazo. A lógica por trás do Long Only é baseada na premissa de que, no longo prazo, o mercado tende a crescer e gerar retornos positivos.
Como funciona na prática?
Na prática, um fundo Long Only opera de forma simples: ele analisa empresas e setores promissores, investe em ações dessas companhias e busca retornos ao longo do tempo.
Um fundo de ações tradicional no Brasil pode optar por investir em empresas do setor de tecnologia, consumo e infraestrutura, comprando ações dessas companhias e esperando sua valorização ao longo dos anos.
Os setores mais comuns para essa abordagem são:
- Tecnologia (Apple, Microsoft, Amazon)
- Consumo (Coca-Cola, Ambev, Nike)
- Infraestrutura e Energia (Petrobras, Vale, ExxonMobil)
Vantagens da estratégia long only
A abordagem Long Only é popular no mercado financeiro devido à sua simplicidade e potencial de retorno no longo prazo. Entre os principais benefícios dessa estratégia, destacam-se:
Estratégia simples e acessível para todos os tipos de investidores
O Long Only é uma das formas mais simples de investir no mercado de ações. Como o investidor apenas compra ativos e os mantém na carteira, não há necessidade de operar com derivativos, contratos futuros ou posições vendidas.
Isso torna a estratégia mais acessível para investidores iniciantes e experientes, permitindo que qualquer pessoa participe do mercado financeiro sem precisar dominar conceitos avançados de alavancagem ou proteção.
Além disso, a simplicidade do Long Only reduz a necessidade de monitoramento constante do mercado, o que o torna uma opção interessante para quem deseja investir de forma passiva e focar no longo prazo.
Histórica valorização dos mercados de ações no longo prazo
Historicamente, os mercados de ações tendem a crescer ao longo do tempo, superando a inflação e proporcionando retornos superiores a outros ativos de renda fixa.
Exemplos práticos demonstram que investidores que adotaram a estratégia Long Only em índices como o S&P 500 ou o Ibovespa, e mantiveram seus investimentos por décadas, obtiveram ganhos expressivos, independentemente das crises econômicas momentâneas.
Essa valorização ocorre porque as empresas listadas na bolsa continuam inovando, expandindo suas operações e aumentando sua lucratividade, o que impacta positivamente seus preços de ações no longo prazo.
Ampla utilização em fundos e portfólios institucionais
A estratégia Long Only não é utilizada apenas por investidores individuais, mas também por fundos de ações, gestores institucionais e fundos de pensão. Isso demonstra sua confiabilidade e aceitação no mercado financeiro global.
Muitos dos maiores fundos do mundo, como a BlackRock e a Vanguard, adotam essa estratégia, administrando trilhões de dólares em ativos baseados em uma abordagem de compra e valorização. Esse fator reforça a ideia de que o Long Only é uma estratégia validada e consolidada ao longo do tempo.
Desvantagens da estratégia long only
Apesar de seus benefícios, o Long Only apresenta algumas limitações que podem representar riscos para os investidores, especialmente em momentos de instabilidade econômica.
Exposição total ao mercado, sem proteção contra quedas
Uma das principais desvantagens do Long Only é a sua vulnerabilidade a quedas no mercado. Como a estratégia não inclui posições vendidas ou proteção com derivativos, o investidor fica totalmente exposto à volatilidade dos ativos adquiridos.
Quando o mercado entra em um ciclo de baixa prolongado, como em crises financeiras globais (exemplo: Crise de 2008 ou Crash do COVID-19 em 2020), os investidores de Long Only sofrem perdas significativas, sem mecanismos para mitigar esses impactos.
Essa falta de proteção pode ser um problema para investidores que precisam de liquidez no curto prazo e não podem esperar a recuperação do mercado.
Maior volatilidade em momentos de crise econômica
Outro fator que pode impactar negativamente a estratégia Long Only é a alta volatilidade dos ativos em períodos de crise.
Diferente dos fundos Long Short, que possuem posições vendidas para equilibrar os riscos, os investidores Long Only enfrentam oscilações abruptas no valor de suas carteiras sem alternativas para suavizar as quedas.
Isso pode levar a uma grande desvalorização da carteira em momentos de estresse financeiro, forçando investidores a tomarem decisões precipitadas, como a venda de ativos a preços baixos, o que pode comprometer o desempenho no longo prazo.
Falta de flexibilidade para mitigar perdas
A ausência de estratégias alternativas dentro do Long Only reduz a capacidade de adaptação do investidor em diferentes cenários de mercado.
Em estratégias como Long Short e Long Biased, os gestores podem ajustar o portfólio de acordo com a direção do mercado, reduzindo exposição em momentos de incerteza. No Long Only, essa flexibilidade não existe. Os investidores ficam limitados a duas opções:
- Manter os ativos e esperar a recuperação do mercado.
- Vender as posições e assumir as perdas, caso precisem de liquidez.
Isso pode ser problemático para investidores que precisam de retornos consistentes e previsíveis, como aposentados ou instituições que dependem de fluxo de caixa constante.

Estratégia Long Short: Apostas na alta e na queda
A estratégia Long Short é uma abordagem mais sofisticada, na qual o investidor combina posições compradas (long) e posições vendidas (short). O objetivo é capturar oportunidades de arbitragem e reduzir o risco sistêmico do mercado.
No Long Short, o gestor pode lucrar tanto com a valorização quanto com a desvalorização de ativos. Ele compra ações que considera subvalorizadas e vende ativos que acredita estarem sobrevalorizados, equilibrando sua exposição ao risco.

Essa abordagem é amplamente utilizada por hedge funds e fundos multimercado, que buscam maximizar retornos independentemente da direção do mercado.
Como funciona na prática?
Na prática, um investidor Long Short pode observar duas empresas do mesmo setor e identificar uma discrepância de preço entre elas.
O gestor identifica que a empresa A está subvalorizada e compra suas ações (posição Long). Ao mesmo tempo, percebe que a empresa B, concorrente direta, está sobrevalorizada e vende suas ações a descoberto (posição Short).
Se a previsão do gestor estiver correta, a ação da empresa A se valoriza e a da empresa B se desvaloriza, gerando lucro em ambas as posições.
Essa estratégia pode ser potencializada com o uso de derivativos, contratos a termo e opções, aumentando o potencial de rentabilidade.
Tipos de estratégias Long Short
- Long Short Neutro: Mantém posições compradas e vendidas balanceadas, minimizando o risco direcional do mercado. Ideal para momentos de alta volatilidade, pois protege contra oscilações bruscas.
- Long Short Direcional: Pode ter maior exposição líquida ao mercado, dependendo da visão do gestor. Se o gestor estiver otimista com o mercado, pode manter uma exposição maior na posição Long. Se estiver pessimista, pode aumentar a posição Short.
Vantagens da estratégia Long Short
A estratégia Long Short oferece diversas vantagens em comparação com o modelo Long Only, especialmente no que diz respeito à gestão de risco e possibilidade de ganhos em diferentes cenários de mercado.
Possibilidade de obter lucro tanto na alta quanto na queda do mercado
Diferente da estratégia Long Only, que depende exclusivamente da valorização dos ativos comprados, a abordagem Long Short permite obter ganhos mesmo quando o mercado está em queda.
Ao manter simultaneamente posições compradas e vendidas, o investidor pode lucrar nos dois sentidos:
- Posição Long (comprada): Se um ativo valorizado for selecionado corretamente, ele gera retorno positivo.
- Posição Short (vendida): Se um ativo sobrevalorizado for identificado e ele cair de preço, o investidor também obtém lucro.
Isso significa que um gestor qualificado pode identificar oportunidades lucrativas independentemente da direção do mercado, tornando essa estratégia bastante eficaz em cenários de volatilidade.
Menor exposição ao risco sistêmico, pois o fundo pode se proteger contra crises
O risco sistêmico refere-se a eventos externos que impactam todo o mercado financeiro, como crises econômicas globais, instabilidades políticas ou colapsos de setores específicos. Na estratégia Long Only, os investidores estão completamente expostos a esses eventos, sofrendo perdas significativas quando o mercado cai.
Já no Long Short, o fundo pode reduzir sua exposição líquida ao mercado, utilizando posições vendidas como proteção contra quedas inesperadas. Se o gestor perceber que há um aumento da incerteza no mercado, ele pode ampliar as posições Short, limitando o impacto negativo das quedas e equilibrando o portfólio.
Isso faz com que os fundos Long Short sejam uma alternativa interessante para investidores que desejam mitigar riscos sem precisar sair completamente do mercado acionário.
Estratégia flexível, permitindo ajuste das posições conforme a tendência do mercado
Outra vantagem importante da estratégia Long Short é sua flexibilidade para se adaptar a diferentes condições de mercado. Diferente do Long Only, onde o investidor depende exclusivamente da valorização das ações compradas, a abordagem Long Short permite ajustes dinâmicos, como:
- Aumentar a posição comprada (Long) em momentos de otimismo e expectativa de alta no mercado.
- Ampliar a posição vendida (Short) em cenários de incerteza ou crises iminentes.
- Manter um portfólio neutro para capturar oportunidades de arbitragem sem se expor diretamente ao mercado.
Esse nível de flexibilidade proporciona mais controle ao gestor e ao investidor, permitindo a otimização do risco e retorno do portfólio ao longo do tempo.
Desvantagens da estratégia Long Short
Apesar das vantagens, a estratégia Long Short apresenta desafios operacionais e riscos que precisam ser considerados antes de sua adoção.
Maior complexidade operacional, exigindo experiência em análise de mercado
A estratégia Long Short exige um nível avançado de conhecimento de mercado, pois envolve a análise criteriosa de ativos subvalorizados e sobrevalorizados, além da utilização de ferramentas complexas como derivativos e contratos futuros.
Diferente da abordagem Long Only, onde o investidor apenas precisa identificar bons ativos para comprar e manter na carteira, no Long Short o gestor precisa:
- Identificar ativos promissores para posições Long.
- Identificar ativos supervalorizados para posições Short.
- Monitorar correlações entre ativos, pois erros na escolha das posições podem amplificar prejuízos.
- Realizar ajustes constantes no portfólio para evitar perdas inesperadas.
Isso torna essa estratégia mais desafiadora para investidores iniciantes, sendo recomendada principalmente para fundos geridos por profissionais experientes.
Risco de perdas elevadas em operações vendidas
A posição Short (vendida) tem um risco inerente maior do que uma posição Long, pois a potencial perda não tem limite teórico. Explicando de forma simples:
- Quando um investidor compra uma ação (posição Long), a perda máxima é limitada ao valor investido, já que o preço do ativo não pode cair abaixo de zero.
- No entanto, quando um investidor vende uma ação a descoberto (posição Short), a perda pode ser ilimitada, pois não há limite para a valorização de um ativo.
Se o gestor de um fundo Short vender uma ação acreditando que ela vai cair, mas o mercado seguir na direção oposta e ela disparar de preço, as perdas podem crescer rapidamente e até superar o valor total investido, dependendo do nível de alavancagem utilizado.
Isso significa que operações vendidas exigem monitoramento constante e controle de risco rigoroso, para evitar perdas catastróficas.
Custo maior devido à necessidade de alavancagem e uso de derivativos
Outra desvantagem importante da estratégia Long Short são os custos operacionais elevados associados às operações vendidas e à utilização de derivativos.
Diferente de uma simples compra de ações, as operações Short envolvem:
- Custos de aluguel de ações, pois o investidor precisa tomar emprestado o ativo antes de vendê-lo no mercado.
- Taxas de margem, exigidas para cobrir possíveis perdas.
- Uso de contratos futuros e derivativos, que também possuem custos associados.
Além disso, fundos Long Short costumam ter taxas de administração e performance mais altas do que fundos Long Only, pois exigem uma gestão mais ativa e sofisticada. Isso significa que o investidor precisa considerar se os custos extras compensam os potenciais benefícios da estratégia.
Estratégia Long Biased: O meio-termo entre Long Only e Long Short
A estratégia Long Biased é um modelo intermediário entre Long Only e Long Short. Diferente da abordagem Long Only, onde o gestor mantém apenas posições compradas, e da Long Short, que busca equilibrar compras e vendas, o Long Biased mantém uma exposição predominantemente comprada, mas com a flexibilidade de operar vendido quando necessário.
O objetivo dessa estratégia é permitir que o gestor ajuste dinamicamente a exposição ao mercado, reduzindo riscos em momentos de maior incerteza e aproveitando oportunidades pontuais de queda em ativos específicos.
Como funciona na prática?
Os fundos Long Biased mantêm maior parte de sua carteira em posições compradas, mas utilizam instrumentos como vendas a descoberto e derivativos para minimizar impactos negativos. O grau de proteção pode variar conforme a visão do gestor sobre o mercado.
Muitos fundos multimercado adotam uma abordagem Long Biased, pois oferecem um equilíbrio entre potencial de valorização e proteção contra perdas.
Vantagens do Long Biased
A estratégia Long Biased oferece um equilíbrio entre exposição ao mercado e proteção contra oscilações adversas, tornando-se uma opção atrativa para investidores que desejam capturar ganhos no longo prazo sem abrir mão de certa defesa em períodos de volatilidade.
Diferente da abordagem Long Only, onde o investidor está integralmente exposto às variações do mercado, o Long Biased permite ajustes táticos, reduzindo a exposição ao risco quando necessário. Isso garante maior flexibilidade e capacidade de adaptação, fatores essenciais para uma gestão eficiente do portfólio.
Além disso, a estratégia se beneficia da possibilidade de operar vendido, o que proporciona uma certa proteção contra quedas, ajudando a mitigar perdas em períodos de crise. Essa característica a torna uma abordagem interessante para quem deseja se expor ao mercado acionário, mas com menor vulnerabilidade a choques econômicos. A seguir, exploramos as principais vantagens do Long Biased.
Flexibilidade
Uma das maiores vantagens da estratégia Long Biased é sua capacidade de adaptação às mudanças do mercado. Diferente dos fundos Long Only, que mantêm 100% da carteira comprada, os fundos Long Biased podem ajustar a exposição conforme a tendência do mercado.

Em momentos de incerteza ou pessimismo, o gestor pode reduzir a exposição a ativos de risco e aumentar a proteção da carteira. Essa flexibilidade permite que o fundo reaja rapidamente a cenários adversos, buscando minimizar perdas e maximizar ganhos.
Proteção parcial contra quedas
A possibilidade de operar posições vendidas permite que o fundo reduza impactos negativos em momentos de queda do mercado. Diferente de um fundo Long Only, que perde valor integralmente quando a Bolsa cai, um fundo Long Biased pode se proteger por meio de posições vendidas em ativos sobrevalorizados ou operações com derivativos.
Essa característica torna essa estratégia atrativa para investidores que querem aproveitar ganhos em mercados de alta, mas com alguma proteção para momentos de crise.
Maior previsibilidade em relação ao Long Short
A estratégia Long Short tem uma abordagem mais complexa, com equilíbrio entre posições compradas e vendidas, o que pode resultar em retornos mais voláteis e imprevisíveis.
Já o Long Biased tende a ser majoritariamente comprado, proporcionando um comportamento mais semelhante ao Long Only, mas com um nível de proteção adicional. Isso torna a estratégia mais previsível no longo prazo, permitindo que investidores capturem a valorização do mercado, mas com um controle mais eficiente dos riscos.
Desvantagens do Long Biased
Apesar das vantagens, a estratégia Long Biased também apresenta desafios que devem ser considerados pelos investidores.
Por ser uma abordagem intermediária entre Long Only e Long Short, pode acabar limitando o retorno em mercados de alta, pois parte do portfólio pode estar protegida, reduzindo a participação integral nos ganhos.
Além disso, a complexidade operacional da estratégia é maior do que a de um fundo Long Only. Como o gestor precisa monitorar constantemente as condições macroeconômicas para ajustar a exposição do fundo, a performance depende fortemente da habilidade e da tomada de decisão do gestor.
Essa dependência pode representar um risco adicional, uma vez que erros estratégicos podem comprometer o retorno do fundo.
Outro fator relevante é que, ao incluir posições vendidas e derivativos para hedge, os custos operacionais do fundo podem ser mais elevados, impactando a rentabilidade líquida do investidor.
Para aqueles que preferem uma abordagem mais simples e previsível, a estratégia Long Biased pode não ser a melhor opção. A seguir, analisamos os principais desafios desse modelo de investimento.
Menor rentabilidade em mercados de alta intensa
Embora a estratégia Long Biased ofereça proteção contra quedas, essa mesma característica pode reduzir a rentabilidade em momentos de forte alta do mercado. Como parte do portfólio pode estar alocada em posições vendidas ou ativos defensivos, o fundo pode não capturar integralmente a valorização dos mercados de alta.
Por exemplo, em um período de forte crescimento da Bolsa, um fundo Long Only pode registrar uma alta de 40% ao ano, enquanto um fundo Long Biased, por manter parte de sua carteira protegida, pode apresentar um desempenho inferior, como 30% ao ano. Esse efeito ocorre porque a proteção contra quedas também limita o potencial de ganhos em momentos extremamente positivos.
Maior complexidade operacional
A gestão de um fundo Long Biased é significativamente mais complexa do que a de um fundo Long Only. Isso ocorre porque o gestor precisa monitorar constantemente o mercado, ajustando a exposição comprada e vendida de acordo com as condições macroeconômicas, ciclos de mercado e movimentos setoriais.
Essa complexidade torna o desempenho do fundo mais dependente da habilidade do gestor, o que pode representar um risco caso as decisões não sejam bem executadas. Além disso, o uso de derivativos e estratégias de hedge pode aumentar os custos operacionais, impactando a rentabilidade líquida para o investidor.
Comparação entre Long Only, Long Short e Long Biased
Para facilitar a compreensão das diferenças entre as estratégias, veja a comparação abaixo:
Estratégia | Posições | Exposição ao Mercado | Perfil de Risco | Cenário Ideal |
Long Only | Apenas compradas | 100% exposto | Alto | Mercados de alta |
Long Short | Compradas e vendidas | Pode ser neutra ou direcional | Médio | Mercados voláteis ou laterais |
Long Biased | Maioria comprada, mas pode operar vendida | Parcialmente exposto | Médio-Alto | Mercados incertos ou em transição |
Cada uma dessas estratégias tem vantagens e desvantagens, e a escolha da melhor depende do perfil do investidor e das condições do mercado.
Como escolher a melhor estratégia para seu perfil?
A escolha entre Long Only, Long Short e Long Biased deve levar em consideração diversos fatores, incluindo o perfil de risco do investidor, os objetivos financeiros e a tolerância à volatilidade.
Cada estratégia possui características distintas que podem influenciar o desempenho da carteira ao longo do tempo, e a decisão correta pode impactar diretamente os resultados do investimento.
Tolerância ao risco
Um dos fatores mais importantes na escolha da estratégia é a capacidade do investidor de lidar com oscilações no mercado.
- Investidores conservadores, que preferem evitar oscilações significativas e acreditam no crescimento do mercado no longo prazo, tendem a optar pela estratégia Long Only. Como essa abordagem mantém a carteira 100% comprada, o investidor acompanha a valorização dos ativos ao longo do tempo, sem a necessidade de ajustes complexos.
- Investidores moderados ou sofisticados, que buscam maior controle sobre a exposição ao mercado, podem optar pelo Long Biased, pois essa estratégia permite uma certa proteção contra quedas, reduzindo a exposição ao risco em momentos de incerteza.
- Investidores arrojados e experientes, que possuem maior tolerância ao risco e estão dispostos a lidar com operações mais dinâmicas, podem escolher a estratégia Long Short. Esse modelo pode proporcionar ganhos em diferentes cenários de mercado, mas exige um nível mais avançado de conhecimento e acompanhamento constante da performance da carteira.
Objetivo do investimento
Definir o objetivo principal do investimento é essencial para escolher a estratégia mais adequada.
- Crescimento de longo prazo: Se o foco do investidor for acumular patrimônio ao longo dos anos, a abordagem Long Only é a mais indicada, pois historicamente os mercados tendem a valorizar no longo prazo.
- Proteção contra crises: Para aqueles que desejam reduzir perdas em períodos de volatilidade, as estratégias Long Short e Long Biased oferecem ferramentas para minimizar os impactos negativos dos ciclos de mercado.
- Maximização de ganhos em qualquer cenário: Se o objetivo for aproveitar oportunidades de mercado independentemente da tendência de alta ou baixa, a estratégia Long Short pode ser a melhor escolha, pois permite ganhar tanto na valorização quanto na desvalorização de ativos.
Liquidez e volatilidade
A liquidez e a movimentação da carteira também influenciam na escolha da estratégia.
- Long Only costuma ser menos movimentado, exigindo menos trocas de ativos e custos operacionais menores.
- Long Biased demanda maior movimentação e ajustes na exposição ao mercado, podendo gerar custos de transação e maior acompanhamento.
- Long Short, por envolver operações vendidas e derivativos, exige ainda mais liquidez, além de custos mais elevados devido ao uso de alavancagem e derivativos.
Se o investidor deseja uma estratégia mais passiva e de baixo custo, Long Only é a melhor opção. Já se ele está disposto a lidar com custos operacionais mais altos em troca de uma maior proteção e flexibilidade, Long Biased ou Long Short podem ser mais apropriadas.
Diversificação e combinação de estratégias
Em muitos casos, combinar diferentes estratégias dentro de uma carteira de investimentos pode ser a abordagem mais eficiente.
- Uma carteira híbrida pode conter fundos Long Only para capturar ganhos no longo prazo, Long Biased para equilibrar exposição e Long Short para proteção adicional em momentos de crise.
- A diversificação entre estratégias ajuda a reduzir riscos e maximizar retornos em diferentes cenários econômicos.
Por isso, investidores podem considerar uma alocação mista entre essas abordagens, de acordo com seus objetivos financeiros, horizonte de investimento e nível de experiência no mercado.

Ao longo deste guia, analisamos as três principais estratégias de investimento em renda variável e suas particularidades.
O modelo Long Only é ideal para mercados de alta, sendo a escolha natural para investidores que desejam exposição integral a ativos comprados e acreditam na valorização de longo prazo. Já a estratégia Long Short se destaca em cenários voláteis, permitindo que gestores lucrem tanto na valorização quanto na queda de ativos, tornando-se uma alternativa mais dinâmica e sofisticada.
Por sua vez, o Long Biased representa um meio-termo entre as duas abordagens, permitindo ajustes estratégicos na exposição ao mercado, oferecendo maior flexibilidade e proteção contra quedas inesperadas.
A escolha entre essas estratégias deve ser feita com base no perfil de risco, horizonte de investimento e objetivos financeiros de cada investidor. Aqueles que buscam simplicidade e exposição direta ao crescimento do mercado podem se beneficiar do Long Only, enquanto investidores mais experientes ou que desejam maior controle sobre volatilidade podem optar pelo Long Short ou pelo Long Biased.
Além disso, uma abordagem equilibrada pode ser a combinação de diferentes estratégias dentro de uma mesma carteira, permitindo maximizar ganhos em cenários positivos e reduzir perdas em períodos turbulentos. Agora que você entende as diferenças entre Long Only, Long Short e Long Biased, qual delas faz mais sentido para seus investimentos.