Na última terça-feira (7), o CEO da Meta, Mark Zuckerberg, anunciou o encerramento da checagem de informações e divulgações no Instagram e no Facebook. O empresário declarou que os moderadores das redes do Meta são “muito tendenciosos politicamente”. “É uma boa hora de voltar às nossas raízes, em prol da liberdade de expressão”, afirmou.
Os jornais no mundo todo repercutiram o fim da checagem independente de fatos no Facebook e Instagram, substituindo-os por “notas da comunidade”. Isso tudo foi em um modelo semelhante ao do X, em que comentários sobre a precisão do conteúdo das postagens são deixados a cargo dos próprios usuários.
Mark Zuckerberg Ele também declarou que o Instagram e o Facebook vão sugerir mais conteúdo político aos usuários. “Parece que estamos em uma nova era agora. E estamos começando a receber feedback de que as pessoas querem ver esse conteúdo novamente”, afirmou.
A relação entre Zuckerberg e Trump
A dispensa de checadores de fatos no Instagram e Facebook é um passo de reaproximação da Meta com o presidente eleito Donald Trump, que assumirá novo cargo dia 20.
No primeiro mandato de Trump, em 2016, a campanha eleitoral foi marcada pelo uso indevido de dados de milhões de usuários do Facebook para direcionamento de publicidade política. Esse fato ficou conhecido como Cambridge Analytica.
Zuckerberg admitiu que em 2020 sua empresa estava atrasada na luta contra a desinformação. Principalmente após falas controversas de Trump, o empresário disse que as plataformas da Meta passariam a moderar mensagens do político. Tanto que em janeiro de 2021, Instagram e Facebook suspenderam os perfis de Trump.
As redes sociais de Donald Trump foram desbloqueadas em janeiro de 2023, quando o X (então Twitter) já estava sob controle de Elon Musk.
Durante a sua campanha para a eleição de 2024, Trump atacou o presidente da Meta diversas vezes.
Até que em dezembro, a Meta doou US$1 milhão para o fundo de posse de Trump, numa tentativa de melhorar o relacionamento com o presidente eleito.
A repercussão da decisão de Mark Zuckerberg
Com o anúncio de Zuckerberg, sobre o fim das checagens, Trump foi questionado sobre as mudanças. O presidente eleito dos EUA admitiu que suas ameaças talvez pudessem ter influenciado nos planos da Meta.
Após a vitória de Trump, os dois se reuniram para um jantar em Mar-a-Lago, onde o republicano tem residência. O movimento também foi feito por empresários como Jeff Bezos, da Amazon, Tim Cook, da Apple, e Sam Altman, da OpenAI.
Uma análise do jornal britânico The Guardian sugere que a decisão de Zuckerberg marca o início de uma era de “politização partidária”, buscando alinhamento com Trump.
Segundo uma análise de Blake Montgomery, editor de tecnologia do The Guardian, a Meta ajusta seu posicionamento as tendências políticas de direita. Ele afirma que a empresa está entrando em uma fase mais politizada.
O editorial desta quarta-feira (8) do Wall Street Journal elogiou a decisão de Mark Zuckerberg. O jornal também sugere que é uma estratégia de aproximação do presidente eleito Donald Trump.
“A vitória de Donald Trump levou muitos CEOs a reconsiderar sua adesão às políticas defendidas pela esquerda democrata. Um exemplo recente é a decisão da Meta de abandonar suas práticas de censura, conforme destacado em editorial do jornal intitulado ‘o mea culpa de Mark Zuckerberg sobre a liberdade de expressão’.
O Wall Street Journal observa que, nos últimos anos, a Meta implementou políticas de checagem de informações, muitas vezes alinhadas aos interesses de políticos democratas.”
Outros membros
Dana White, presidente do UFC é conhecido por seu apoio a Donald Trump, foi anunciado nesta segunda-feira (6) como membro do conselho administrativo da Meta, responsável pelas plataformas Instagram, WhatsApp e Facebook.
A nomeação ocorre poucas semanas antes de Trump reassumir a presidência dos Estados Unidos, em 20 de janeiro. Durante a campanha eleitoral, White destacou sua admiração por Trump, descrevendo-o como “o ser humano mais determinado e resiliente que já conheci”.
Mark Zuckerberg, CEO da Meta, afirmou que considera Dana White um exemplo de empreendedorismo e expressou entusiasmo com sua chegada ao conselho.
Imagem Destaque: CEO da Meta, Mark Zuckerberg. Foto/Reprodução/Anthony Quitano/Wikimedia Commons