Apesar das expectativas em torno da reforma ministerial, a reunião entre Lula e os presidentes da Câmara, Hugo Motta, e do Senado, Davi Alcolumbre, teve como foco as emendas parlamentares e a votação do orçamento de 2025, que ainda não foi aprovado.
Durante o encontro, Motta e Alcolumbre solicitaram apoio do presidente para destravar a liberação das emendas e alertaram que, sem esses recursos, o governo pode enfrentar dificuldades na aprovação da Lei Orçamentária Anual (LOA) de 2025.
Parlamentares próximos aos líderes do Congresso, em conversas com a CBN, afirmaram que Lula defendeu um entendimento entre o Congresso e o Supremo Tribunal Federal (STF). No Legislativo, a posição predominante é de que ambas as partes devem ceder para alcançar um acordo para a reforma ministerial.
Motta e Alcolumbre garantiram ao presidente que o Congresso adotará critérios de transparência e rastreabilidade na distribuição dos recursos. No entanto, pediram que o STF, por meio do relator do caso, ministro Flávio Dino, autorize a liberação das verbas que não estão sob investigação da Polícia Federal. A proposta é que os valores vinculados a inquéritos continuem bloqueados, mas que os demais sejam liberados.
Esse posicionamento será levado ao presidente do STF, Luís Roberto Barroso, em uma reunião marcada para 25 de fevereiro. O encontro antecede uma audiência entre Dino e o Congresso, agendada para 27 de fevereiro.

Após a reunião com Lula sobre a reforma ministerial, Alcolumbre embarcou no avião presidencial rumo ao Amapá, onde o presidente cumpriu compromissos nesta quinta-feira (13). Durante o evento, o presidente do Senado reforçou seu apoio ao governo, declarando que auxiliará na articulação dentro do Congresso.
Reforma ministerial
O encontro entre o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o presidente da Câmara dos Deputados, Hugo Motta, e o presidente do Senado, Davi Alcolumbre, ocorre em um momento essencial para o governo, que busca redefinir sua base política por meio da reforma ministerial.
A reformulação das cadeiras no alto escalão do Executivo é uma estratégia do Planalto para fortalecer a articulação com o Congresso e garantir apoio para a aprovação de projetos considerados prioritários.
Uma das mudanças mais comentadas nos bastidores envolve o ministro Alexandre Padilha, responsável pelo Ministério de Relações Institucionais, uma pasta essencial para a negociação entre o Executivo e o Legislativo. Essa área tem a função de coordenar o diálogo com parlamentares, facilitar acordos para destravar pautas estratégicas e viabilizar a liberação de recursos. No entanto, Padilha enfrenta resistência dentro do próprio governo e também entre aliados no Congresso, o que tem gerado especulações sobre sua possível substituição.
Vários nomes estão sendo cogitados para assumir essa função estratégica. Entre os mais cotados, destacam-se José Guimarães, atual líder do governo na Câmara dos Deputados, e Jaques Wagner, que ocupa a liderança do governo no Senado. Ambos são figuras experientes na articulação política e possuem influência entre seus pares, o que poderia facilitar a construção de consenso dentro do Legislativo.

Além deles, o nome do deputado Isnaldo Bulhões, líder do MDB na Câmara, também surge como uma opção viável. A presença de um representante do MDB na chefia desta pasta poderia fortalecer a relação do governo com o partido, que tem uma bancada numerosa e um papel fundamental na aprovação de projetos do Executivo.
Outra alternativa considerada nos bastidores é Silvio Costa Filho, atual ministro de Portos e Aeroportos e também deputado. Sua eventual transferência para a pasta de Relações Institucionais poderia ser uma forma de garantir maior sintonia entre o governo e os parlamentares do centrão, um dos grupos políticos mais influentes do Congresso.
Embora nenhuma decisão oficial tenha sido anunciada, a definição dos novos nomes para os ministérios será fundamental para o andamento da agenda do governo. O Planalto busca reorganizar sua base de apoio e garantir que os próximos meses sejam marcados por maior estabilidade política, especialmente diante das negociações para a aprovação do Orçamento de 2025 e outras medidas prioritárias para a administração federal.
Presidentes da Câmara, Hugo Motta; da República, Lula; e do Senado, Davi Alcolumbre — Foto: Ricardo Stuckert / PR