O pico do dólar foi atingido nesta quarta-feira (18), totalizando R$6,30. Após o valor de R$6 ela segue aumentando em escala recorrente. A valorização do dólar frente ao real impacta diretamente no bolso brasileiro.
Apesar de aqui ser o real, quase tudo que é comercializado tem uma parcela da moeda americana envolvida. E esse repasse tende a ser cada vez mais rápido e intenso, por conta do pico do dólar, desvalorizando ainda mais o real e causando impacto severo no bolso do brasileiro menos favorecido.
Esse valor ampliou os ganhos da véspera, quando superou os R$6,25. Isso reflete no mercado, à medida que os investidores seguem de olho na maior aversão ao risco no Brasil e repercutem também a decisão de política monetária do Federal Reserve.
Foi cortado 0,25 ponto percentual na taxa de juros dos Estados Unidos pelo Federal Reserve. O custo dos empréstimos agora ficou na faixa de 4,25-4,50%, em linha com o esperado. Porém, deu várias sinalizações duras (hawkish, mostrando preocupação com a inflação) e sinalizou menores cortes de juros à frente, fortalecendo assim a divisa americana.
Na quarta-feira (18), o Ibovespa registrou uma queda superior a 3%, marcando seu pior desempenho em dois anos. O recuo reflete preocupações contínuas com o cenário fiscal no Brasil e indicações de que os cortes de juros nos Estados Unidos podem ser mais limitados.
Como o Pico do Dólar Impacta no Bolso do Brasileiro?
O pico do dólar impacta diretamente no brasileiro, principalmente no menos favorecido. O trigo utilizado para fabricar o pão é importado, o que obriga o produtor a adquirir a matéria-prima em dólar. Se a cotação da moeda norte-americana sobe de R$ 5,80 para R$ 6,20 em um mês, essa variação acaba sendo repassada ao consumidor final.
Essa dinâmica também se aplica a diversos outros alimentos, incluindo os produzidos no Brasil. Nessas situações, os produtores podem preferir exportar, já que, com o dólar valorizado, a mesma tonelada de carne gera um retorno maior em reais, aumentando os lucros.

Além disso, serviços ligados ao turismo internacional, como passagens aéreas e hospedagens, ficam mais caros, com o pico do dólar. Produtos produzidos localmente também podem subir de preço, já que muitos produtores preferem exportar, aproveitando o câmbio mais favorável, o que reduz a oferta interna e pressiona os valores.
Isso ocorre porque a alta do dólar reflete a desvalorização do real, reduzindo o poder de compra da moeda brasileira em relação às moedas estrangeiras. Na prática, a maioria dos produtos e serviços consumidos pela população tende a ficar mais cara.

O Pacote Fiscal
Foi aprovado nesta terça-feira (17) o primeiro texto-base que impõe travas para o crescimento de despesas com pessoal e incentivos tributários, em casos de déficit primário – o Projeto de Lei Complementar 210, que faz parte do pacote fiscal.
Para o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), os outros dois textos que compõem o projeto devem ser analisados pelo plenário. No entanto, as notícias não pareciam suficientes para impedir a alta do dólar nesta sessão.
O Leilão do Banco Central e o Pico do Dólar
Na manhã desta quinta-feira (19), o Banco Central do Brasil realizou um leilão à vista, movimentando 5 bilhões de dólares. Foi a sexta operação desse tipo na última semana e a segunda realizada no mesmo dia, um dia após o dólar atingir o valor recorde de R$ 6,2679.
Durante o leilão, realizado entre 10h35 e 10h40, foram aceitas 10 propostas, com diferencial de corte de -0,035000.
No início do dia, a instituição já havia vendido 3 bilhões de dólares em outra operação anunciada previamente.

O Banco Central ainda planeja realizar nesta sessão um leilão de até 15.000 contratos de swap cambial tradicional, visando rolar os vencimentos programados para 3 de fevereiro de 2025.
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